OCUPAÇÃO INEVITÁVEL E PERMANENTE - Correio da Lavoura

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4 de fev. de 2025

OCUPAÇÃO INEVITÁVEL E PERMANENTE

*Marcos Espínola


O ano é outro, mas, na área da segurança pública os problemas são os mesmos e pouca coisa vai mudar se continuarmos enxugando gelo. Não se trata de pessimismo, mas a realidade dos fatos, onde mal começou o ano e já temos novas vítimas de balas perdidas, intensos confrontos armados e assassinatos. Passamos da hora de colocarmos em prática um plano de ação integrado, a começar com a ocupação ampla e permanente nas comunidades onde as facções se instalaram.

O Poder constituído não pode assistir inerte às guerras em vários pontos da cidade, onde as facções e milícias disputam territórios, estabelecem regras e escravizam moradores. Mais do que restabelecer a ordem, promover a retomada desses territórios significa libertar o povo que vive sob ameaça e terror constante.

Já tivemos essa experiência com as UPPS que deram certo por determinado tempo, mas desandou por vários fatores. Um laboratório que nos deu conhecimento e a possibilidade de replicarmos o conceito, porém com ajustes e investimentos que permitam sua manutenção e inserção de outros serviços sociais em conjunto.

Outro fator primordial é, junto com o governo federal, promover a transferência das lideranças para presídios de segurança máxima, longe do Estado. Ainda com apoio federal, Estado e prefeituras deveriam traçar uma estratégia nas fronteiras, rodovias, portos e aeroportos, inviabilizando a entrada de drogas e armas. Uma operação específica para as fronteiras do Estado do Rio que, junto com as ocupações, sufocaria a movimentação financeira dos narcotraficantes.

No âmbito local, é preciso maior atuação da Prefeitura no tema segurança. São várias as medidas que podem contribuir para o combate à violência, como ruas mais iluminadas e, principalmente, mais câmeras. Para se ter ideia, em 2022, pesquisa da Clarion Security Systems estimou que Londres tinha mais de 942 mil câmeras para monitorar a Cidade enquanto no Rio não chegavam a 80, distribuídas em 17 bairros.

A gestão municipal pode, ainda, mapear todas as áreas, fazendo um raio x dos bairros e comunidades, identificando construções ilegais e freando o mercado imobiliário clandestino que também financia milícias e facções.

Violência não se combate só com polícia. Aliás, é possível afirmar que a polícia militar do Rio é uma das melhores do mundo, capaz de enfrentar uma realidade única no planeta, com confrontos armados diários e simultâneos, como nos países em guerra.

Precisamos de políticas públicas eficazes e que integrem as três esferas do poder para enfrentarmos a realidade que vivemos tanto nos anos que passaram quanto neste que inicia. O ano é novo, mas os desafios são os mesmos.

*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública.