*Jorge Gama
O mundo político aguarda com ansiedade a explosão política do pedido de demissão da ministra Marina Silva.
A dinâmica da atividade política é imprevisível - quando todos os indícios apontam numa direção, nada do previsível acontece.
A obstinada resistência da ministra do Meio Ambiente às explorações do petróleo nas margens equatoriais brasileiras, que impediu o Brasil de iniciar esse trabalho há mais de dois anos, chegou ao fim.
Diante dessa realidade, seria de se esperar que a ministra Marina Silva pedisse demissão, acompanhada de uma entrevista bombástica, onde anunciaria ao mundo inteiro que deixaria o ministério.
E a declaração seria a seguinte: “As pressões contra o meio ambiente venceram. Saio desse governo, do qual nunca pretendi participar; se o fiz, foi para garantir que a natureza, a floresta, os índios, os povos ribeirinhos e os animais fossem preservados, e impedir a exploração de combustíveis fósseis que pudessem ser explorados pela ganância do capital explorador”.
Dito isso, viria o arremate clássico: “Sou oriunda dos povos da floresta, onde sofri durante muitos anos...”.
Em seguida, anunciaria sua demissão e saída do governo.
Uma das manchetes seria: “Marina Silva abandona o governo Lula e segue ao lado das ONGs na luta pela natureza”.
Essa seria uma atitude esperada e previsível no dia seguinte à licença deferida em 20 de outubro de 2025.
Nada disso aconteceu - e Marina continua no ministério.
Há uma outra oportunidade estratégica para seu pedido de demissão: durante a COP30, que ocorrerá em 10 de novembro de 2025, no Pará.
Mas há a parte imprevisível. Marina segue no governo, em posicionamento crítico.
Todas essas variáveis fazem parte do arsenal da grande hipocrisia e do oportunismo da esquerda.
A exploração do petróleo na Margem Equatorial é necessária ao desenvolvimento e à soberania nacional.
Algumas razões objetivas indicam essa necessidade:
- Afirmar nossa posição nas águas da Amazônia Azul, espaço já merecedor de trabalho da Marinha Brasileira junto à ONU;
- Garantir nossas reservas diante da instabilidade geopolítica atual;
- Assegurar ao Brasil os ganhos econômicos dessa jazida, reafirmando nossa soberania ameaçada na prática pelo atraso das explorações; e
- Oferecer diretamente aos 806.517 habitantes do Estado do Amapá a garantia de um desenvolvimento decorrente da exploração desse petróleo.
O Brasil continental se quiser preservar a unidade nacional, a soberania política e o desenvolvimento econômico seguro, terá que romper com as barreiras fictícias, fabricadas ideologicamente e amparadas em um tipo de ativismo ambiental que ataca em várias frentes: contra o agro, contra o petróleo e, finalmente, contra o Brasil.
*Jorge Gama é advogado e ex-deputado federal.
