VOCÊ SABE O QUE É OVERTRAINING? EXCESSO DE EXERCÍCIOS PODE COMPROMETER A SAÚDE - Correio da Lavoura

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15 de set. de 2025

VOCÊ SABE O QUE É OVERTRAINING? EXCESSO DE EXERCÍCIOS PODE COMPROMETER A SAÚDE

Especialista alerta para sintomas que vão de dores a alterações emocionais; 
pesquisas recentes reforçam importância de acompanhamento profissional


Você sabe o que é overtraining? O termo descreve a condição em que o corpo ultrapassa o limite saudável de esforço físico, sem tempo suficiente para recuperação. Em plena temporada de preparação do corpo para o verão, que começa em três meses, é importante ficar atento e não cair na tentação de atingir o shape desejado a qualquer custo. A busca incessante por desempenho, associada à falta de orientação, pode ter consequências drásticas: fadiga crônica, dores incomuns, alterações de humor, que podem levar a quadros psíquicos mais graves, e até queda de imunidade.

“Dores agudas fora do padrão, cansaço persistente, suor excessivo, sensação de febre e mudanças de apetite ou de comportamento, como ansiedade e irritabilidade, são sinais de alerta de que o organismo não está conseguindo se recuperar”, explica Rafael Moreira, professor do curso de Educação Física da Universidade Iguaçu (Unig), que tem mestrado em engenharia biomédica.


Estudos recentes reforçam que o problema não atinge apenas atletas de elite. Crianças, adolescentes e adultos que treinam sem supervisão adequada também correm sério risco. Em jovens, por exemplo, a Academia Americana de Pediatria já alerta para o aumento de lesões por esforço repetitivo e de casos de esgotamento físico e emocional causado pelo excesso de treinos.

Além do impacto imediato no bem-estar, o overtraining pode causar ainda desequilíbrios hormonais, maior suscetibilidade a infecções e até burnout esportivo, segundo revisões publicadas em periódicos especializados de medicina esportiva.

Outro ponto de atenção, segundo Rafael Moreira, é o hábito de seguir treinos sugeridos por pessoas sem formação técnica, como influenciadores digitais ou fisiculturistas, que compartilham métodos empíricos sem considerar a individualidade de cada praticante. Isso leva a exercícios não adaptados à realidade de cada corpo, aumentando as chances de lesões, distúrbios metabólicos e até rabdomiólise — uma ruptura do tecido muscular que pode provocar lesões nos rins.

O problema se agrava quando os praticantes recorrem a vídeos ou sites sem credibilidade ou até inventam movimentos, sem respeitar princípios básicos de biomecânica e fisiologia. “Em vez de gerar benefícios, essa prática pode trazer malefícios e afastar a pessoa dos ganhos reais que a atividade física deveria proporcionar”, reforça o especialista da Unig.

PARA EVITAR O PROBLEMA, OS ESPECIALISTAS RECOMENDAM

- Avaliação clínica antes de iniciar qualquer programa de exercícios;

- Treinos planejados com períodos de descanso;

- Alimentação equilibrada;

- Atenção a sinais de alerta do corpo; e

- Acompanhamento por especialista ou, em alguns casos, equipe multidisciplinar (médico, educador físico, fisioterapeuta e nutricionista).

“O corpo dá sinais. Há casos em que a pessoa chega a entrar em estado febril e de fadiga, além de sentir dores articulares exacerbadas e ter fome e até sudorese fora do normal. São vários pontos que precisam ser observados. E, nesse caso, é preciso parar”, alerta Rafael Moreira. “O exercício deve ser um aliado da saúde. Sem orientação, pode se transformar em um inimigo silencioso”.