*Jorge Gama
A COP30, realizada no Brasil, na região amazônica, em Belém, reunia todos os requisitos geográficos para abrigar o tema do ambientalismo.
Para os militantes da causa, sua aprovação deve ter sido um êxtase - e mais: não haveria problemas de orçamento. O mundo, as autoridades da ONU e as ONGs conhecem bem a nossa capacidade de “controle” dos gastos públicos.
Em eventos como esse, não há miséria. As autoridades sabem compreender a projeção mundial de uma COP30. A grande imprensa saberia exaltar os ganhos institucionais do paÃs ao hospedar o encontro que prometia salvar o planeta.
Todos os ventos pareciam favoráveis: o local era o ideal, os recursos públicos abundantes e a grande imprensa totalmente alinhada à narrativa. Após avaliados os pré-requisitos, chegava o momento da execução do projeto - a chamada “hora da verdade”.
O sucesso de qualquer projeto depende de bom planejamento, com ações datadas e quantificadas.
É nesse ponto que todos começam a perceber que o fracasso seria inevitável.
As acomodações não existem no padrão exigido - nem em qualquer outro padrão. Barcos poluentes ancoram na cidade, o saneamento é precário e o problema é visÃvel.
O paisagismo é feito à s pressas, usando “árvores” de plástico.
ONGs controlam uma rede de restaurantes com ágio de 30%, e os preços disparam.
A segurança e o sistema de iluminação são desastrosos, favorecendo invasões de indÃgenas e de membros do PSOL.
Enquanto concluÃa este texto, a ONU emitia sua repreensão formal criticando a organização da COP30.
A representação internacional foi a pior de toda a história das COPs.
O prÃncipe William veio fazer currÃculo em uma região que a monarquia considera exótica.
O presidente da França, que deseja uma Amazônia apenas contemplativa, compareceu por outras razões.
Os africanos, sem agenda na Europa e cansados de guerras internas, vieram nos “rever”.
As últimas entrevistas do Ãcone Bill Gates sobre o meio ambiente já são mais cautelosas.
Os recursos para o Fundo Amazônico não são os esperados. Há uma ameaça de guerra e um aumento de recursos destinados à defesa. Diante dessa nova realidade, certas escolhas tornam-se inevitáveis.
Ao concluir este texto sobre o fracasso do evento, cujo valor apresentado foi de R$ 787 milhões, é necessário registrar os comentários do chanceler alemão, que declarou sua felicidade por poder retornar ao próprio paÃs.
Também houve a crÃtica de lÃderes evangélicos à escultura doada pelo governo da China, que se assemelha à figura de um demônio.
E, finalmente, a transformação da COP30 em um grande incêndio - para tristeza de muitos e a alegria daqueles para quem incêndios ajudam a fechar as contas.
O presidente Lula, ao compor a mesa principal do evento, substituiu o presidente do Senado por sua esposa, Janja.
Assim, esse gesto de amor encerra, em chamas, a COP30 no Brasil.
*Jorge Gama é advogado e ex-deputado federal.
