Hospital Estadual da Criança é referência para atendimento pediátrico
de alta complexidade no estado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
O menino Caio Melonio, de 11 anos, está perto de completar um mês de internação no Hospital Estadual da Criança (HEC), em Vila Valqueire, na Zona Sudoeste do Rio. O garoto alegre e brincalhão andava abatido, com um cansaço sem explicação. O diagnóstico veio após uma consulta de emergência: era leucemia. Referência em atendimento pediátrico de alta complexidade, o HEC atende exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como uma das especialidades o tratamento oncológico voltado para crianças e jovens de 0 a 19 anos. Este mês, a campanha Setembro Dourado alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil.
Passado o susto inicial, o pai Leonardo Melonio, de 35 anos, agradece a rapidez do tratamento. “Logo, logo ele estará curado. Estamos muito bem aqui no Hospital da Criança, com uma equipe maravilhosa, muito atenta às necessidades do meu filho. Agradeço todos os dias por notar a diferença no comportamento dele. Estava de férias em casa e pude passar mais tempo com ele”, lembra Leonardo, morador de Duque de Caxias, operador de máquinas pesadas, pai de três filhos. O menino estava tão pálido e abatido que chegou a desfalecer. “Parecia uma virose e o levei a uma emergência. A médica pediu um exame de sangue e desconfiou da taxa alterada de leucócitos. Foi muito difícil receber a notícia, comecei a chorar muito”, lembra, emocionado.
Chefe do setor de oncologia do HEC, Patricia Moura conhece bem a reação das famílias ao falar sobre a doença. “O diagnóstico de câncer é algo que nenhum médico gosta de dar e nenhum paciente gosta de receber. Agora, imagine dar essa notícia aos pais de uma criança, com uma vida inteira pela frente? Apesar de raro, o câncer na infância corresponde a cerca de 1% do total de casos diagnosticados por ano no mundo”, esclarece a médica.
Caio também ficou surpreso quando soube do diagnóstico, mas encara o tratamento com otimismo. “Tive poucos enjoos até agora. Meu cabelo caiu um pouco, mas sei que isso vai acontecer”, disse o menino, que recebeu uma cartilha educativa sobre o enfrentamento da doença, logo que foi internado. “Caio sabe tudo o que vai acontecer com o tratamento. Tivemos muito apoio psicológico desde que chegamos aqui. Ele só ficou triste com a perda do cabelo”, completa o pai. “Hoje, eu não ligo mais não. Os médicos me falaram que o meu cabelo pode até nascer diferente. A primeira coisa que quero fazer quando sair daqui é visitar um rodízio de mini hambúrguer, que tem aqui perto do hospital”, afirmou, alegre.
Os casos mais comuns de câncer infantojuvenil são as leucemias, de acordo com a médica. “A linfoide aguda tem incidência de 80% e acomete em geral crianças de dois a cinco anos. A leucemia mieloide aguda tem cerca de 20% de incidência e afeta menores de 2 anos de idade, com outro pico menor na adolescência. Já a leucemia mieloide crônica é mais incomum em crianças e tem uma taxa de incidência de 2 a 5%”, enfatiza a oncologista. “Outros cânceres comuns na infância são os tumores do sistema nervoso central, sendo o segundo tumor mais frequente, assim como tumores como neuroblastoma, tumores renais, sarcomas, entre outros”, completa.
O câncer infantojuvenil é a segunda causa de morte na infância, ficando atrás apenas das doenças infecciosas, porém o diagnóstico não é simples, de acordo com a médica. “Por isso, é tão importante que os pais e responsáveis fiquem atentos a pequenas mudanças no comportamento das crianças. Qualquer alteração deve ser avaliada por um profissional de saúde. Se for identificada e tratada de forma adequada, a doença tem em média 80% de chances de cura”, esclarece Dra Patrícia Moura.
FIQUE ATENTO(A) AOS SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA
> Perda de peso contínua e inexplicável;
> Dores de cabeça com vômito de manhã;
> Dor persistente nos ossos ou articulações;
> Inchaço ou massa no abdômen, pescoço ou qualquer outro local;
> Aparência esbranquiçada na pupila do olho ou mudanças repentinas na visão;
> Febres recorrentes e persistentes não causadas por infecções;
> Hematomas esparsos ou sangramento, geralmente repentinos; e
> Palidez inexplicável ou cansaço prolongado.