UM JORNAL QUE FAZ A HISTÓRIA - Correio da Lavoura

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22 de mar. de 2023

UM JORNAL QUE FAZ A HISTÓRIA

*Luiz Martins de Azeredo


Oferecendo este número aos seus leitores, anunciantes e amigos, está o Correio da Lavoura completando a marca invejável de 90 anos de existência, esse longo tempo em que o jornal visou sempre, com interesse e empenho, ao bem público, à valorização das instituições, ao desenvolvimento em todos os sentidos da terra iguaçuana.

Silvino de Azeredo, nos idos de 1917, plantou com entusiasmo e amor a semente de seus ideais de respeito à família e devoção à Pátria, unidos e fortes, e perseverou no trabalho o quanto pode até quase o fim de suas energias, até quase o pulsar derradeiro do seu coração. Deixou, no entanto, continuadores, tanto que o seu jornal continuou e ainda continua perseguindo os mesmos objetivos.

Leopoldo Machado, antes de eleger Nova Iguaçu como se fosse a sua própria terra natal, nela fixando residência e realizando uma obra notável através do ensino oficializado, conheceu o Correio da Lavoura no Colégio Nacional que dirigiu no Méier, e, não sendo lavoureiro, ficou curioso com o título do hebdomadário do interior. Para ele constituía um fato original, significativo e humano. Não demorou muito a manter contato com Silvino de Azeredo, contato este que seria duradouro e gratificante para ambos na luta que empreenderam patrioticamente. E perguntou o educador baiano ao velho jornalista o que o levara a crismar assim o seu jornal. A resposta que recebeu foi imediata: “Eu posso ser político, mas o meu jornal não o é. Nunca será. Fundei-o para defender três coisas: saúde do povo, instrução e produção. Um povo sem saúde não pode se instruir nem produzir”. Leopoldo Machado – diria depois – confessou-se impressionado com o rasgo filosófico do fundador do jornal, amadurecendo talvez, no seu pensamento, a ideia de vir morar em Nova Iguaçu e aqui continuar sua missão de ensinar educando gerações e gerações de brasileiros.

Silvino de Azeredo, contando em várias etapas de sua vida jornalística com o apoio de amigos distintos e competentes na redação, entre os quais vale ressaltar os nomes de Alfredo Jardim, Alcides Marques Canário, Silvino Silveira, Edmundo Galvão, Eugênio Rios, Luiz Alves Cavalcanti e Humberto Caulino, de Silvino de Azeredo Filho e tantos outros auxiliares eficientes nas oficinas, pode iniciar e levar avante vitoriosamente diversas campanhas em proveito do povo e do Município, merecendo por isto o respeito, a admiração e aplausos incentivadores da comunidade iguaçuana, tanto que, decorridos os anos, viria a se consagrar o seu nome dado à sala de aula em conceituado colégio da cidade, a uma praça pública, a um Centro Cívico e a uma Escola Municipal.

O respeitável Jornal do Brasil, sabedor através de um dos seus mais brilhantes redatores em 1955, o poeta João Guimarães, que a Municipalidade havia dado o nome de Silvino de Azeredo a uma unidade escolar, inseriu um tópico em suas colunas sob o título Grande Pequena Imprensa para ressaltar com simpatia a justa homenagem prestada a um velho batalhador, acrescentando que “Silvino de Azeredo jamais se afastou dos verdadeiros ideais da imprensa, quais sejam os de orientar e criticar, tudo no interesse da coletividade”.

É uma satisfação enorme, um contentamento indescritível o de se ver e sentir, nesta comemoração dos 90 anos de existência, que Silvino de Azeredo, fiel aos seus ideais de brasilidade, conseguiu fundar e dirigir por longo tempo, não sem esforços quase sobre-humanos, um jornal que, além dos serviços imediatos e relevantes oferecidos ao povo, deu e vem dando ainda contribuição apreciável à história do Município, do Estado e do Brasil. Parecia até afinado com o pensamento de Capistrano de Abreu, certa vez citado em artigo de Afrânio Coutinho, segundo o qual “a história geral do Brasil só poderia ser escrita de maneira completa e compreensiva depois que se fizesse o levantamento das histórias regionais”.

Aplausos, portanto, ao término desta longa etapa, ao semanário do saudoso Chefe que foi Silvino de Azeredo.

(Em tempo: essa reprodução, publicada há 16 anos, homenageia Luiz e sua indiscutível contribuição a este semanário, que no próximo dia 22, completa 106 anos)