*Thiago Rachid
Não será a primeira, nem a segunda vez que tratarei desse tema aqui, embora tenha convicção de que será em vão como sempre. Mas, a teimosia tem o seu papel. Então, vamos lá.
Nova Iguaçu chega à efeméride dos 190 anos de sua elevação à categoria de vila pelo Império do Brasil em 15 de janeiro de 1833. A data é simbólica, pois as freguesias que vieram a formar a nova vila são bem mais antigas, mas, de qualquer forma, é uma referência importante.
Mas, apesar da ocasião marcar os 190, eu continuo de olho é nos 200 anos, como já escrevi outras vezes. O bicentenário de Nova Iguaçu, daqui a exatos dez anos, certamente passará em branco. Talvez alguém tenha a ideia de lançar um livro com os velhos clichês sobre nossa história, fazer uma identidade visual bacana e inaugurar alguma placa comemorativa. Porém, mais do que isso? Esquece.
Dizem que tudo na vida tem suas vantagens. A nossa, talvez seja, a de que a previsibilidade do pior nos permita lamentar antes mesmo do mal ocorrer, já que ele sempre é certo.
Então, desde já lamentarei aquilo que nossa cidade poderá fazer a respeito do seu bicentenário e que seguramente não fará.
O marco temporal dos 200 anos de Iguaçu nos permitiria estabelecer metas para os próximos dez anos. Fortemente dividida pelo urbanismo, pela geografia e pelas diferenças sociais de todos os tipos, a cidade poderia se unir em torno de metas muitas vezes sonhadas, mas sempre deixadas para depois pela conveniência de políticos e negligência dos cidadãos.
Uma data-limite não permite o “depois”. Talvez dessa forma, conseguíssemos, por exemplo, ter 100% das vias públicas pavimentadas e saneadas em 2033. Ou, ainda, ter um índice de desenvolvimento humano que nos coloque, ao menos, entre os 100 ou 200 primeiros municípios do país (hoje somos o 1514º).
Considero a meta do IDH bastante estimulante. Para subir nessa avaliação é preciso um conjunto de melhorias que abrange diversos aspectos da vida social. Mas, ao mesmo tempo, é um caminho complexo demais para uma cartola da qual sequer esperamos que saia um coelho.
Outra meta ambiciosa seria figurar dentro de determinada faixa dos rankings educacionais do ensino fundamental que implicasse em avanço significativo na qualidade do ensino público municipal. Paralelamente, tornar Nova Iguaçu uma cidade com bom ambiente de negócios, um cenário do qual estamos muito distante. Bom ensino, bom ambiente de negócios, uma combinação que gera produção de riquezas e progresso.
Embora eu esteja com os olhos em 2033, com metas ou sem metas, nosso bicentenário já precisa ser construído desde agora. E, como seria bom que, pelo menos, não chegássemos lá piores do que estamos hoje, viro o foco para 2024 e 2030, duas ocasiões de eleições municipais em que, pelo menos a meta de não eleger petistas ou aliados de petistas já nos evitaria um bicentenário vergonhoso de uma cidade que ao invés de melhorar, piorou.
*Thiago Rachid é advogado e empresário.