ENTREVISTA COM SEBASTIÃO DE ARRUDA NEGREIROS - Correio da Lavoura

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9 de jan. de 2023

ENTREVISTA COM SEBASTIÃO DE ARRUDA NEGREIROS


Nasceu em Piracicaba, na mesma rua onde nasceu também Ademar de Barros, atual Governador de São Paulo. Criado numa fazenda de café, aos oito anos começou seus estudos. Cursou a Escola Normal e, ainda como estudante, começou a lecionar num estabelecimento de ensino para filhos de operários. Foi o primeiro professor nomeado para reger uma escola em Cachoeira Paulista e, mais tarde, designado professor da Escola de Marinheiros no Rio de Janeiro. Tempos depois, incluiu-se entre os formandos da 1ª turma da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Estes são fatos desconhecidos de um conhecido homem público: Dr. Sebastião de Arruda Negreiros, que nos distinguiu com a entrevista de hoje:

CL – Sinceramente, Dr. Arruda, é bom ser prefeito?

- Para quem tem amor ao Município e tenciona realizar obras edificantes para este mesmo Município, sim. Mas é um cargo que se torna muito pesado devido às injunções políticas e à falta de compreensão de muitos.

CL – Em poucas palavras e, obviamente, com isenção de ânimo, como focalizaria a política e administração iguaçuanas?

- De modo geral o Município de Nova Iguaçu tem sido muito infeliz porque os políticos não têm feito valer o seu prestígio nem o do Município em benefício da coletividade. Em face da nossa posição invejável, temos o direito de exigir todos os melhoramentos de que necessitamos. O governo estadual arrecada bilhões nesta terra e acaba por empregá-los em outros municípios.

CL – Tendo dirigido os rumos deste Município por três vezes, poderia nos dizer do maior problema administrativo em nossa terra?

- Não existe um problema principal, mas, sim, uma série deles: instrução pública (que está abaixo de zero), pavimentação de ruas e estradas com os indispensáveis serviços de águas e esgotos, extensão da rede elétrica a todas as ruas construídas, abastecimento d’água...

CL – Qual foi sua maior alegria e maior decepção como administrador municipal?

- A maior alegria foi no dia 31 de março de 1935, quando inaugurei o Hospital de Iguaçu. Quanto à maior decepção, esta foi ocasionada pela incompreensão de alguns políticos e por alguns elementos do povo que tiveram seus interesses contrariados e não souberam aquilatar o benefício que eu estava prestando ao bem público.

CL – O calçamento da primeira rua na Baixada Fluminense, a abertura de diversas estradas, a iluminação elétrica neste e em outros municípios, uma transformação radical do que havia foi efetuada por volta de 1930, quando o senhor governava. Por que não é possível se fazer outro tanto nos dias atuais?

- A verdade é que, quando fui nomeado, aqui cheguei como interventor e contava com o apoio integral do Governo do Estado. Além do mais, naquela época não havia Câmara, nem pressões políticas, por isso foi possível a realização de muito mesmo com os poucos recursos que possuíamos.

(Íntegra da entrevista concedida ao CL na seção “O Domingo é nosso”, publicada na página 8 da edição de 1 março de 1964)