UM NOVO RIO PODE VIR DA BAIXADA - Correio da Lavoura

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2 de dez. de 2025

UM NOVO RIO PODE VIR DA BAIXADA

*Jorge Gama


Há pouco mais de um mês, no ambiente político-eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, a imagem do governador Cláudio Castro era a de um funcionário público graduado, um burocrata que cumpria seu expediente no Palácio Guanabara. Vivia, diariamente, dando explicações administrativas ligeiras sobre fatos que ocorriam no Estado; era um cotidiano totalmente previsível. Com esse perfil, seu capital político foi se diluindo e sua presença no cenário eleitoral do Estado tornou-se, aos poucos, pouco relevante.

É nesses momentos que os eleitoralmente apressados tentam se aproveitar e, buscando notoriedade, se rebelam, posam de oposição ao governo que antes defendiam e ao qual juravam fidelidade.

Estou tentando descrever um padrão de aliança política volátil, baseada em ambições meramente eleitorais. As últimas manifestações no interior da Alerj demonstram, claramente, essa modalidade de aliança, especialmente por parte de seu presidente.

Nem um tratado sobre alianças políticas em nossos tempos conseguiria aprofundar todas as variáveis desse tipo de oportunismo que conduz a atividade eleitoral de hoje, em que a formação e o compromisso com a política estão desaparecendo.

Como a política não é apenas eleição, com um gesto - uma atitude firme e planejada na área de segurança, cuja repercussão ultrapassou as fronteiras do país - o governador Cláudio Castro voltou, de forma muito contundente, ao cenário eleitoral. O crescimento de sua popularidade aumentou no exato momento em que as definições das candidaturas para as eleições de 2026 estão apenas começando.

Em recente solenidade de visita ao hospital oncológico em construção em Nova Iguaçu, Cláudio Castro afirmou que gostaria que seu sucessor fosse um médico. Os presentes aplaudiram o deputado federal Dr. Luizinho como o nome ideal para sua sucessão. Foi uma decisão final? Não. Foi um gesto politicamente importante? Sim.

Muitas candidaturas nascem desses gestos e, quando o indicado é quase uma solução natural, sua visibilidade eleitoral já é percebida.

O período em que o nome do prefeito do Rio, Eduardo Paes, era favorito absoluto começa a ficar para trás. Ele sabe que não pode perder duas eleições seguidas para governador; sabe que a Baixada Fluminense é fundamental para vencer no Estado; sabe que, quando confrontado na área de segurança pública, seu nome se torna totalmente vulnerável. Sabe que quase não conhece o interior do Estado e que questionamentos mais consistentes o incomodam. Sabe, também, que pesquisas feitas longe da eleição podem estar distantes do resultado final.

O deputado federal Dr. Luizinho, com seu currículo eleitoral e político, liderando uma das maiores bancadas na Câmara Federal e como presidente do Progressistas no Rio de Janeiro, pertence há anos a uma nova geração de líderes. Com sua base eleitoral consolidada e com o apoio de Cláudio Castro, altera totalmente a disputa pelo governo do Estado.

Uma disputa entre Eduardo Paes, com 56 anos, e Dr. Luizinho, com 51, será um pleito entre candidatos da mesma geração política, mas com origens e trajetórias diferentes.

A questão nacional, inevitavelmente, fará parte do debate. Ficarão evidentes os campos de atuação. Nesse contexto, Eduardo Paes não poderá mais esconder sua parceria com Lula, enquanto Dr. Luizinho, certamente com Cláudio Castro, receberá o apoio dos bolsonaristas.

Mais uma vez a Baixada será um cenário importante, como ocorreu em 1986, com a eleição de Moreira Franco tendo como vice o ex-deputado Francisco Amaral.

*Jorge Gama é advogado e ex-deputado federal.