BAIXADA FLUMINENSE TERÁ MOBILIZAÇÃO PELO CLIMA EM MEIO A ONDAS DE CALOR E FALTA D'ÁGUA - Correio da Lavoura

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7 de mar. de 2025

BAIXADA FLUMINENSE TERÁ MOBILIZAÇÃO PELO CLIMA EM MEIO A ONDAS DE CALOR E FALTA D'ÁGUA

Lideranças populares organizam ato em favor do clima em meio a ondas de calor que elevam a sensação térmica acima dos 40ºC ao mesmo tempo em que são registrados problemas no abastecimento de água por parte da concessionária Águas do Rio


Em Rodilândia, Nova Iguaçu, moradores relatam uma piora significativa no serviço de abastecimento de água no bairro nos últimos três meses. “Entre janeiro e fevereiro ficamos 23 dias consecutivos sem água, depois ela retornou em uma segunda-feira mas no dia seguinte já tinha cessado, agora somam mais 22 dias sem cair uma gota da torneira”, explica Miguel, morador da Rua Lucas Garcez. Essa também é a situação da Sara, em Jardim Pernambuco, no mesmo município. Segunda a moradora, com o fornecimento intermitente a opção é armazenar água em galões. “Só queremos o serviço da Águas do Rio de forma contínuo para tomar banho, fazer os alimentos e a higiene”, finaliza.

Em final janeiro, no bairro de Morro Agudo, quando choveu 100 ml de água em apenas uma hora causando prejuízos nas casas e comércio, a falta de desobstrução dos bueiros, drenagem dos rios e desassoreamento das galerias pluviais são apontados pelos moradores como as causas das enchentes e alagamentos. É a reclamação de Maria Aparecida, gestora cultural do Centro Cultural Casa de Jota Rodrigues, que completa: “Após a chuva ainda sofremos com a total desassistência por parte do poder público seja na limpeza das ruas e retirada da lama e entulhos seja na distribuição de cestas básicas e kits de materiais de limpeza, o que não aconteceu”.

Para o educador popular e militante da Rede de Educação Popular da Baixada Fluminense, William Cruz, a região já está vivendo o colapso climático diante do aumento em intensidade, recorrência e volume dos eventos climáticos extremos. “O que constatamos é a incapacidade das gestões capitalistas em dar respostas positivas às mudanças climáticas. É querer fazer do veneno causador da doença o remédio.”, afirma o educador que aponta a necessidade de mobilizar as classes populares por sua sobrevivência.

Nesse sentido, a Rede conjuntamente ao Centro Cultural Casa de Jota Rodrigues, a Biblioteca Comunitária Terra Escrita/Tinguá e o movimento De Olho nas Enchentes de Nova Iguaçu organizam o ato “Periferia pelo Clima” para 14 de março a fim de marcar as mobilizações em torno do Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, celebrado no dia 16. Entre as medidas exigidas pelos organizadores estão a climatização das salas de aula nas escolas públicas das redes municipais e estadual; medidas de enfrentamento às enchentes como a macrodrenagem das bacias, recuperação das matas ciliares e desassoreamento das galerias; o aumento do orçamento para as ações de prevenção a desastres pelas prefeituras e estado; a implementação do sistema de sirenes para alarme de desastres onde não houver; criação de refúgios climáticos; e a reestatização do serviço de distribuição d'água da CEDAE.

Segundo os organizadores, os eventos climáticos extremos estão cada vez mais frequentes e com consequências drásticas nas populações que recebem os riscos e danos de maneira desigual, recaindo sobre a camada mais pobre, negra e periférica a maior carga. Eles reforçam a importância de somar forças com amplos setores, por exemplo, a educação. Conforme divulgado pela matéria do RJTV, em 19/2/2025, a rede municipal de Nova Iguaçu possui 70 escolas sem ar-condicionado. Esse número salta para 200 escolas na rede pública estadual no RJ. “As escolas públicas sofrem sem climatização, número de bebedouros insuficientes e falta d’água agravando ainda mais os efeitos das ondas de calor sobre nossas crianças e adolescentes”, finaliza William.

O ato Periferia pelo Clima está previsto para acontecer no dia 14 de março, a partir das 15 horas, na Praça de Direitos Humanos, Via Light, em Nova Iguaçu.