REINA, MAS NÃO GOVERNA? - Correio da Lavoura

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15 de out. de 2024

REINA, MAS NÃO GOVERNA?

*Thiago Rachid


A chamada revolução gloriosa do século XVII instituiu o parlamentarismo na Inglaterra, transferindo os poderes do rei para o parlamento. Daí surgiu a situação, que persiste até hoje, de que o rei reina, mas não governa naquele país.

Se em Inglaterra a sentença aparece de forma afirmativa, em Nova Iguaçu ela reaparecerá em breve de forma interrogativa. Afinal, Dudu Reina, mas não governa? Essa será uma questão dos nossos próximos quatro anos.

A razão para a dúvida, todos sabem. Apesar do percentual inédito, a vitória eleitoral não foi de Dudu, mas de Rogerio Lisboa e de seu aliado, Dr. Luizinho. E isso não é novidade para ninguém. O próprio prefeito eleito, provavelmente, reconhece.

Contudo, a chegada de um novo prefeito sempre é uma esperança de superar as limitações do que deixa o cargo. Dudu Reina tem algumas características que Rogerio não tem: gosta de Nova Iguaçu, é receptivo ao diálogo e não é impermeável como Rogerio em relação ao que aflige o próximo.

Particularmente, espero ainda que o novo prefeito se preocupe com a situação da economia iguaçuana, arrasada pela indiferença do seu antecessor em relação aos obstáculos que a Prefeitura impõe ao empreendedor e cujos efeitos se refletem no desemprego e no encolhimento da renda do iguaçuano, bem como nas inúmeras lojas fechadas que vemos pelas ruas da cidade.

UMA CÂMARA MAIS DIFÍCIL DE LIDAR

Comandar a Câmara Municipal nessa legislatura pode ter dado experiência ao prefeito eleito. Todavia, lidar com 10, sendo também um dos integrantes da Casa, é bem diferente de lidar com 23 sendo aquele que tem a chave do cofre da Prefeitura.

Além disso, se Dudu reinar, mas não for efetivamente aquele que tem a palavra final, ficará na desagradável situação de estar espremido entre partes interessadas, sem ter culpa, mas sofrendo a pressão por ser o prefeito.

Por isso, essa é a grande resposta que a cidade quer ter. Evidentemente, a resposta oficial será protocolar: “O prefeito é Eduardo Reina e a ele caberão todas as decisões”. Mas, aqui no mundo real, não tem criança. Formalmente o cargo será de Dudu, mas o poder será de Rogerio e Luizinho. Da mesma forma que, nesses quatro últimos anos, o cargo era de Rogerio, mas o poder era compartilhado entre ele e seu principal aliado.

O que queremos saber é qual o poder residual que caberá ao prefeito eleito. Algum haverá, é claro. O que a cidade ainda terá que descobrir é o tanto de tinta da caneta que será dele.

DIAS AINDA MELHORES PARA A CULTURA IGUAÇUANA

Há algo em que o governo Rogerio foi bem, o setor cultural, e que estou convencido de que com o novo prefeito irá melhor. Eduardo Reina demonstra apreço pela história da cidade, por exemplo. Ele gosta sincera e verdadeiramente de Nova Iguaçu. Como presidente da Câmara, deu ao jornalista Luiz Cláudio Almeida dos Santos atribuição e liberdade para a pesquisa e produção de conteúdo, nos limites do que a Câmara poderia fazer. Na Prefeitura o espaço para políticas públicas nesse sentido é maior. Torço pela permanência do secretário Marcus Monteiro e por uma sinergia grande entre ele e o novo alcaide.

MUDANDO DE ASSUNTO, É TEMPO DE HOMENAGEAR

Nesta sexta-feira, 11 de outubro, o cidadão honorário de Nova Iguaçu e, provavelmente, o mais apaixonado dos apaixonados por esta terra, completou mais uma primavera. Ao Dr. Zanon de Paula Barros os nossos votos de saúde e vida longa. Nossa cidade precisa do fundador e presidente de honra do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu (IHGNI).

*Thiago Rachid é advogado e empresário.