*Thiago Rachid
A edição de 20 de setembro de 1928 deste centenário semanário trouxe uma nota dos seus editores que exortava o senhor prefeito da ocasião quanto à necessidade da arborização do espaço urbano iguaçuano. Passados quase 95 anos, quase nenhum prefeito leu aquele pequeno texto.
“A não ser o que se fez nesse sentido na administração do cel. Dino Mello, de saudosa memoria, e posteriormente no governo do dr. Manoel Reis, nada de apreciavel temos com relação ao assumpto, o que é de lamentar, pelo que constitue de falta de gosto, senão de condemnavel descaso dos que nos têm governado”, dizia parte da nota com a grafia já superada por duas novas normas gramaticais.
Não apenas novas normas gramaticais, mas também oito novas moedas circularam no paÃs após os mil-réis daqueles dias, aos quais a nota seguinte daquela edição fez referência. Dezenas de prefeitos e centenas de vereadores sobrevieram à quele alerta. E nada mudou quanto “ao assumpto”, exceto para pior.
Faço referência a esse texto de 1928 e ao tema ignorado ao longo de quase um século para mostrar, com um simples exemplo, a importância deste órgão de comunicação para Nova Iguaçu. Se temos registros consideráveis sobre como se desenrolaram os últimos 106 anos em Nova Iguaçu, temos que dar graças ao nosso Correio da Lavoura.
Seria conveniente aos homens públicos de Nova Iguaçu ou, em caso de preguiça, aos seus assessores, ir às páginas ancestrais deste patrimônio municipal para entender a cidade, sua evolução, as omissões, os erros, os acertos, suas glórias e derrotas.
Quando escreveu sua autobiografia, o ex-ministro Roberto Campos, de saudosa memória, intitulou a obra de “Lanterna na Popa”. Ao relembrar seu passado, o nosso grande liberal apelou para uma metáfora, afirmando que a obra era como se se colocasse o farol da nau de sua vida na traseira, iluminando o seu passado biografado.
O Correio da Lavoura é a nossa lanterna na popa. Mas é exatamente por sê-lo, que se torna também um farol na proa, um alerta para o nosso futuro. Se quiseres conhecer o nosso passado, vá à s páginas do Correio da Lavoura. Se quiseres construir um futuro melhor, também consulte a “biografia” dos últimos 106 anos de Nova Iguaçu.
Obrigado, Silvino, Avelino, Luiz, Gerson, Robinson, VinÃcius! Obrigado a todos os anunciantes! E meu obrigado especial a todos os colaboradores que passaram por aqui, aos quais cumprimento saudando a memória de Cláudia Maria dos Santos, esta notável amiga de Nova Iguaçu e do Correio da Lavoura, que nos deixou na última semana. Descanse em paz, Cláudia! Que outros sigam seu exemplo de amor à cidade e a este Correio.
*Thiago Rachid é advogado e empresário.
O Correio da Lavoura é o jornal mais antigo de Nova Iguaçu, ainda em circulação. Fundado em 22 de março de 1917 por Silvino Hipólito de Azeredo, tem periodicidade semanal. 
